terça-feira, 26 de julho de 2011

Vamos falar sobre homenagens

Na sexta-feira passada, ao receber a edição do “Sim News” (jornal semanário que é distribuído semanalmente em Araraquara), uma notícia me chamou à atenção – a praça que receberá o nome do meu falecido amigo e jornalista Álvaro Taniguti será inaugurada em agosto. Na hora eu pensei e cheguei a algumas conclusões muito particulares a respeito de homenagens póstumas.
Na matéria, que pode ser acessada pelo link http://www.simnews.com.br/exibe.php?id=20402, é dito que o valor do investimento na praça é de R$ 285 mil e que o espaço terá várias facilidades como ponto de ônibus, iluminação diferenciada, etc... Mas, será que se o Álvaro pudesse escolher, ele gostaria de ser homenageado dessa forma, virando nome de praça? Minha resposta é não.
Tive a oportunidade de ter a amizade dele por mais de 15 anos, desde o tempo em que ele era locutor da Rádio Morada do Sol FM e acredito que, se pudesse escolher, ele gostaria que esse dinheiro fosse aplicado em outras obras que beneficiassem mais a população na área de saúde e educação, por exemplo. Infelizmente sabemos que praças acabam ficando abandonadas em pouco tempo após a inauguração, param de ganhar manutenção, ficam sem segurança e acabam virando um problema enorme aos vizinhos da área. Sinceramente, espero que esse não seja o destino desse local que faz homenagem a uma grande pessoa que escolheu Araraquara para viver e morrer.
Aproveitando o assunto, gostaria de usar o espaço para refletir a respeito dessas homenagens póstumas. Muita gente morre e vira nome de alguma coisa, como ruas, escolas, rodovias, teatros, ginásios de esportes, etc, mas será que quem fica, conhece a fundo o motivo de esses personagens terem sido escolhidos? Alguém sabe por que a rua onde mora tem aquele nome? Vou confessar, eu não faço ideia de quem tenha sido o Sr José Ziliolli, que dá nome à avenida onde moro....
Apesar da ignorância de grande parte da população a respeito dos seus homenageados, algumas fazem todo sentido. Por exemplo, poucos sabem que a Biblioteca Municipal Mário de Andrade, aqui em Araraquara, tem o nome do escritor, pois ele doou os primeiros livros para a formação de seu acervo e pela especial relação que o escritor tinha pela cidade. (Se quiser saber mais sobre Mário de Andrade e Araraquara, vale a pena ver o documentário do qual participei e apresentei como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo “Redescobrindo Macunaíma” – disponível no Youtube em três partes.)
O piloto brasileiro Ayrton Senna virou nome de rodovia, que antigamente se chamava “Rodovia dos Trabalhadores”, pelo fato de ter falecido em um acidente no dia 1º de Maio de 1994, dia do Trabalho – bonita homenagem em uma terrível coincidência.
Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o Tom Jobim, agora é nome de aeroporto no Rio de Janeiro (que ainda pode ser chamado de Galeão) por causa do famoso “Samba do Avião”, onde o compositor exalta as belezas da cidade, vistas pela janela de um avião.
Mas a homenagem mais estranha que vi até hoje, aconteceu em Bocaina/SP, cidade onde morei de 1989 até 1995. Os moradores contam que o ex-prefeito Alfredo Sormani Junior não entendia a razão de seu nome ter sido dado a uma rodovia vicinal que liga o município a Bariri, uma vez que ainda estava vivo. Ironicamente, pouco tempo depois, o ex-prefeito sofreu um acidente automobilístico naquela vicinal e faleceu. Seria uma homenagem merecida, para um ex-prefeito querido de seus eleitores ou uma simples premonição? Infelizmente, essa pergunta eu nunca saberei responder.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Censurar o quê?

Por ter nascido no final dos anos de 1970 (1977 para ser mais exata), tive que conviver por um tempo com o final da Ditadura no Brasil e tenho algumas lembranças, que hoje em dia, são engraçadas e até surreais para os mais novos.

Por exemplo, quando ia começar qualquer programa na TV, era exibido um “certificado de censura”, literalmente um pedaço de papel no qual aparecia a faixa etária indicada para o público daquela exibição.  É mais ou menos como a classificação indicativa que aparecem nos programas de TV atualmente, mas com a autorização da Polícia Federal e Ministério da Justiça dizendo se era livre para todos os públicos ou censurado para menores de determinadas idades. E não pensem que naquele tempo tinha o intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para atender aos surdos e mudos, era só um papel e pronto. Tentei encontrar algum exemplar na internet, mas foi difícil. Para quem não conhece, segue uma cópia de certificado para cinema - para a televisão era igual - na exibição de “Dona Flor e seus dois maridos”.
modelo de certificado de censura - anos 1980

No rádio era comum encontramos músicas picotadas pela censura ou outras que nem chegavam aos ouvintes das emissoras. Na década de 1980 era difícil ouvir música dos Titãs no rádio, por causa dos palavrões ou pelo apelo “baderneiro” – quem ouvia a banda era da turma do fundão da sala de aula. Quando “Faroeste Caboclo” foi lançada, algumas rádios colocavam o famoso “piiiiiiii”, em dois trechos “não protejo general de 10 estrelas que fica atrás da mesa com o “piiiiiiiiiii” na mão” e “olha pra cá, filho da “piiiiiiiiiiii”, sem-vergonha”, outras rádios nem tocavam, já que a música tinha mais de 10 minutos e atrapalhava a programação.
No final dos anos de 1980, aos poucos, a sociedade se libertava do fantasma da censura e começava a arriscar algumas ousadias. Lembro da música do “Casseta e Planeta”, que na época nem tinham o humorístico na TV Globo, bradando “mãe é mãe, paca é paca, mulher é tudo vaca!”, um insulto transmitido nas rádios e programas de TV, vai entender, né?
Mas ainda assim, nem tudo continuava plenamente livre. Nos anos de 1993/1994 uma banda norte-americana chamada 20 Fingers apareceu nas rádios brasileiras com a canção “Don’t wanna a short dick man”, que acabou sendo cortada e seu refrão grotesco virou “Don’t wanna a short shor man”, ainda assim todo mundo entendeu o que a música queria falar e fez sucesso com o público adolescente da época.
Hoje em dia:
Chegando ao século XXI, sem censuras ou ditaduras (teoricamente), encontrei duas músicas que tiveram tratamentos diferentes em suas versões. Uma delas é “Me adora”, interpretada pela roqueira baiana Pitty onde ela canta em alto e bom som “Que você me adora / Que me acha foda / Não espere eu ir embora pra perceber...”. Peraí, ela disse “foda” e a música toca na rádio, tem clipe na MTV, Multishow, etc ????
A outra injustiçada é a cantora norte-americana Pink, em sua balada “Fucking perfect”, mutilada nas rádios - a palavra “fucking” é omitida, e com traduções adaptadas para “nada mais que perfeito” ou “perfeito pra caramba” ou mesmo sem tradução do título em alguns lugares.  
Que medidas usaram nesses dois casos já que “foda” e “fucking” são considerados palavrões em seus idiomas de origem?
Eu não sou puritana e nem estou criticando o uso de palavrões em produções como músicas ou filmes, apenas gostaria que tivessem o mesmo tratamento, pode ser? No cinema brasileiro é difícil assistir a um único filme sem que ninguém grite “porra”, “foda” ou “caralho” – mais palavrões. Ou você, caro leitor, conhece algum filme policial americano em que os personagens não usem “fuck” como adjetivo?
Apesar disso tudo, continuo ouvindo músicas com palavrões e indo ao cinema.
Viva a liberdade de expressão! 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cilada.com - boa pedida de filme na telona

No último final de semana tive a oportunidade de assistir ao filme brasileiro "Cilada.com" (2011 - direção de José Alvarenga Jr), uma versão para a telona da série, "Cilada", transmitida pelo canal Multishow. Confesso que desde minha entrada no mundo dos canais pagos, me surpreendi com o nível das produções dos seriados do Multishow e fiquei mais satisfeita ainda com o resultado da adaptação para o cinema.

Mesmo para quem ainda tem preconceitos a respeito da nossa produção cinematográfica nacional, vale a pena a ida em uma sala de cinema mais próxima. Tudo bem, eu ainda vejo alguns exageros nas produções brasileiras, especialmente quando o assunto é sexo - uma herança da época da pornochanchada - mas ainda assim, a qualidade evoluiu muito. (Tá bom, eu também achei a cena em que o Sérgio Loroza aparece nú desnecessária)....

Em "Cilada.com", o personagem de Bruno Mazeo tem um vídeo de uma transa com a namorada publicado na internet após uma briga e a partir daí ele faz de tudo para recuperar sua imagem. Uma comédia romântica que faz rir até o mais mau-humorado dos espectadores. Tudo bem que o final não tem nada de surpreendente, mas a história é boa e dá vontade de ficar no cinema até o final da sessão.

Para quem ainda não se convenceu, pode dar uma olhada no site oficial do filme e conferir o trailler em http://www.ciladaofilme.com.br/site.html . Se na sua cidade não tiver cinema, vale a pena esperar pelo DVD na locadora mais próxima. Bom filme!

foto site oficial

terça-feira, 5 de julho de 2011

coisas para fazer antes de morrer - parte II

2 - conhecer o Rio de Janeiro
Apesar de tantas notícias negativas a respeito, como bueiros que explodem e turistas que morrem em situações estranhas, ainda assim, eu recomendo essa viagem. Estive na Cidade Maravilhosa por duas vezes e não tenho nada o que reclamar.

Tudo bem, confesso que no começo tinha receio de ir ao Rio de Janeiro, na verdade tinha medo mesmo. Infelizmente o noticiário é cruel com o povo carioca, mostrando apenas o que acontece de ruim por lá, inclusive dando muito destaque para a violência urbana.

Enfim, ano passado estive lá no Carnaval e conheci uma cidade que respirava festa e alegria. Não imaginava que o Carnaval fosse capaz de tomar toda a cidade, achava que isso acontecia só na Sapucaí, ignorando a força dos blocos de rua.

Além disso, a cidade é um cartão postal ambulante, onde você olha se depara com belas paisagens... pode pegar a máquina fotográfica e apontar para qualquer lugar, que o resultado será sempre fantástico.
vista de Ipanema

Além disso, a cidade oferece muitos passeios. Claro que para quem tem medo de altura, o bondinho do Pão de Açúcar deve ficar longe dos seus planos, mas ainda assim, dá para fazer a tradicional visita ao Cristo Redentor, usando as vans aos invés do trenzinho. Com o metrô e ônibus é possível ir de um bairro ao outro sem problemas e conhecer outras paisagens. Por falar em ônibus, vi de passagem o famoso 175 da música do Gabriel, o pensador.

Em Ipanema é possível conhecer o Mirante da Paz, com vista privilegiada para uma paisagem incrível. ele fica na estação do Metrô e o acesso é feito por elevador panorâmico, que também dá acesso ao Morro do Cantagalo / Pavão Pavãozinho.

Cristo Redentor visto do Mirante da Paz

Obrigatório para qualquer turista é conhecer as pedras do Arpoador, cantadas por Cazuza, em "Faz parte do meu show", a sensação é indescritível!!!!

Arpoador


Antes de terminar, só um detalhe. O Rio de Janeiro não é aquilo que se vê nas novelas da Globo. Por exemplo, o point gay da cidade fica em Ipanema e não em Copacabana num quiosque de cachorro quente, e, sinceramente, não vi qualquer sinal de violência ou homofobia por lá..... coisas de novela.