Quando chega o mês de novembro,
os noticiários despejam estatísticas sobre o avanço da AIDS no Brasil e no
mundo. A “prestação de contas”, nessa época do ano tem um objetivo – o Dia
Mundial de Luta Contra a AIDS que é celebrado em 1º de Dezembro.
Segundo dados divulgados pelo
Ministério da Saúde, temos em nosso país 530 mil pessoas infectadas pelo vírus
HIV - o causador da AIDS. No entanto, 130 mil (que corresponde a quase 25% do
total) ainda não sabem que estão doentes.
Os números podem assustar, mas a
Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo divulgou resultados de uma pesquisa indicando
queda de 36% dos casos notificados de infecção por HIV nos últimos 10 anos. De acordo com o mesmo trabalho, oito pessoas ainda
morrem por dia em decorrência da AIDS no estado mais desenvolvido do país.
Apesar da estabilidade dos
números apresentados por órgãos do governo, nota-se que a doença continua a
infectar pessoas no Brasil e por todo o mundo. Segundo a ONU (Organização das
Nações Unidas), 33 milhões de pessoas estão infectadas pelo HIV ao redor do
planeta neste momento.
Os avanços médicos e tecnológicos
das duas últimas décadas permitiram um controle melhor da evolução da doença,
dando qualidade de vida aos portadores do vírus HIV. Hoje um indivíduo
soropositivo, com tratamento e acesso à medicação adequada, pode ter uma rotina
quase normal. Talvez por esse motivo, as pessoas passaram a se descuidar mais
em relação à doença, já que os infectados não têm mais aquela aparência
esquelética e debilitada dos primeiros tempos.
Personalidades como Cazuza e
Herbert de Souza (Betinho) mostraram em público a fraqueza que a doença causava
conforme ela progredia. Outros músicos como Freddie Mercury e Renato Russo preferiram
evitar aparições públicas quando o quadro de saúde se agravou.
Enquanto pode, Cazuza esteve nas
mídias daquela época mostrando que a AIDS matava aos poucos. Mesmo doente e
debilitado, gravou discos, escreveu canções, fez shows... O disco “O tempo não para”
foi gravado ao vivo em 1988; no ano seguinte, o cantor juntou suas forças e gravou seu último álbum “Burguesia”. A luta de Cazuza terminou em
1990, aos 32 anos.
O impacto da imagem do jovem
rebelde e agora mortalmente doente abalou toda uma geração. Todo mundo sabia
que a AIDS matava e não queria ter um final como do seu ídolo. Hoje o acesso à
informação instantânea permite que possamos conhecer mais sobre a doença e
formas de contágio. Não existem mais grupos de risco como se diziam nos anos de
1980, quando os primeiros casos foram notificados no Brasil, existem
comportamentos de risco.
Daqui um ano novas estatísticas serão
divulgadas, os números serão melhores ou piores? Quanto tempo levará para que a
AIDS seja efetivamente controlada? Devemos esperar pela ciência encontrar uma
vacina que nos livre de futuras infecções ou mudar nosso comportamento diante
uma doença que ainda mata? A escolha de viver com saúde depende de cada um de
nós. Reflita.