quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O Natal, o presépio e a árvore

Na infância a gente sabia que o Natal estava perto quando a mãe montava a árvore e o presépio. Tudo muito simples, mas obedecia uma tradição que parecia um ritual.

Nunca tinha uma data certa para acontecer, mas era sempre um domingo de dezembro, depois do almoço e naquela época nada de “ceia da árvore”. Depois de almoçar e lavar as louças, a mãe pegava aquela velha caixa de papelão, que ficava grande parte do ano na parte de cima do guarda-roupa e era naquele momento, que a magia começava.

A gente ficava ao redor da caixa. As peças do presépio estavam todas embrulhadas, dentro de uma casinha de madeira, com telhado de palha, que representava a manjedoura. Aos poucos, as peças eram desembrulhadas, uma a uma e a gente ficava na expectativa de quem ia achar o menino Jesus primeiro, dar um beijinho na imagem e colocar no centro da casinha de madeira...

O antigo presépio era uma herança de família, que passou das tias do meu pai para a nossa casa. Não era muito grande, mas tinha personagens interessantes além dos tradicionais – a moça lavando roupa em uma tábua, a galinha com seus pintinhos, os anjos, carneirinhos, o guarda romano.... De tempos em tempos, o pai retocava a pintura daquelas pequenas imagens e o presépio continuava sendo montado dezembro após dezembro. Teve um ano que a manjedoura ganhou uma estrela-guia, feita de papelão e encapada com papel alumínio.

Eu ainda gosto de fotos com árvores de Natal (mesmo que seja no shopping)
Depois de montado, o presépio fazia parte da nossa casa até o dia seis de janeiro, quando os Reis Magos, apareciam dentro da manjedoura. A mãe fazia questão de movimentá-los bem cedinho, para gente achar que eles tinham seguido andando até ali.

O nosso presépio era lindo, mas eu gostava mesmo daquele que era montado na casa da Tia Idalina. As peças eram enormes, tinha mais personagens, montava-se quase uma cidadezinha. Era maior que o presépio montado na igreja Matriz da pequena Mineiros do Tietê, onde morávamos. Dava gosto de ver, uma perfeição....

Mas o Natal não era só presépio, tinha a árvore, montada na mesma tarde de domingo. Era bem simples, de plástico, muito diferente daquelas que temos hoje. As bolinhas e os enfeites eram de vidro, tinham um brilho diferente... sempre quebrava uma ou duas, a mãe reclamava, mas continuava a montagem da árvore, no ano seguinte compraria outras  novas. Depois de pronta, tinha que colocar os pedacinhos de algodão, representando a neve. No dia de Natal, a mãe fazia questão de fotografar a gente em frente à árvore. Foi assim durante anos, mesmo depois que a antiga foi substituída por uma mais moderna.

Nos álbuns de fotografias as imagens ainda estão lá, recordando os Natais de muitos anos.


Hoje o presépio da mãe foi reduzido a poucas imagens – tem Maria, José, o menino Jesus e dois anjinhos. A casinha de madeira foi aposentada, assim como os outros personagens. Mas ela continua montando a árvore, as bolinhas de vidro deram espaço aos enfeites de plástico. E se a mãe insistir, a gente ainda tira foto na frente da árvore.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Para quem "odeia" o Natal e nem sabe o motivo....

Faltam poucos dias para o Natal e final do ano de 2013. Enquanto a maioria festeja a época, alguns dizem odiá-la. Para os que não gostam, tenho uma notícia ruim – as festas acontecerão independentemente da sua vontade. Aliás, o Natal já é uma comemoração meio antiga, instituída pelo Papa Júlio I, no ano de 350 e tem sido assim desde então.

É Natal,vamos comemorar?
Concordo que o sentido do Natal, a celebração do nascimento de Jesus Cristo, está um tanto perdida. Realizam-se grandes eventos natalinos, mas a cada ano, esquecemos o grande motivo disso tudo, em especial, do aniversariante. As pessoas gastam, consomem e se esquecem da simplicidade do exemplo que o Natal deveria trazer.... Mas será necessário odiar a data?

A grande hipocrisia é aquela pessoa que diz odiar o Natal e está em todas as comemorações relacionadas à data – confraternizações da empresa, do clube, da academia, da escola, amigos secretos, etc.... Atitudes como essas são totalmente contrárias àquilo que se professa.

E por que você odeia o Natal? Garanto que a resposta vai sair engasgada, se não ficar mudo.

Com o passar dos anos, ficamos melancólicos, é fato. A família diminuiu, alguns se foram para sempre, outros estão longe temporariamente, existem perdas pela estrada da vida, mas odiar o Natal por causa disso, não faz sentido. A vida tem que continuar, obedecendo à lei natural das coisas, uns partem, mas outros chegam. E todo ano tem Natal, mesmo que você não queira. Além disso, um novo ano sempre começa e se renovam as esperanças e a fé dos seres humanos por tempos melhores.

Tem gente que ainda pode por a culpa nos problemas ou no rumo que a vida tomou. Será que você já parou para pensar que pode ser o único responsável por aquilo que acontece contigo? Já ouviu falar que quem semeia ventos, colhe tempestades?

Vamos começar a prestar mais atenção naquilo que estamos plantando e deixar de responsabilizar o Natal pelos nossos fracassos durante o ano todo? Se não for possível fazer o bem a si mesmo, como seremos caridosos com nossos semelhantes?

Depois de terminar de ler este texto, você ainda continua odiando o Natal? Mire-se no exemplo daqueles que fazem da data uma celebração de vida e solidariedade. Ah, e aproveite a festa, mas não se esqueça do aniversariante.


Feliz Natal! Feliz Ano Novo!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Triste, muito triste....

(leia ouvindo "Desordem", dos Titãs) -https://www.youtube.com/watch?v=pHfCi5elVh0

O principal campeonato de futebol do Brasil acabou no domingo, dia 08 de dezembro, de uma forma triste, para não dizer lamentável. O destaque da última rodada não foi para o belo futebol brasileiro, que, diga-se de passagem, está meio sumido, nem os classificados para a Copa Libertadores de 2014 e muito menos para times grandes rebaixados – o que imperou nos noticiários foi a violência no jogo entre Atlético Paranaense e Vasco.

Ao vivo, pela televisão fomos surpreendidos por uma sessão de pancadaria gratuita. Imagens fortes que correram o mundo rapidamente. Pessoas se espancando, sem motivo. Jogadores pedindo para sua própria torcida parar de brigar. Torcedores feridos, assustados, acuados. Até quando? Infelizmente sabemos que não foi a primeira vez e nem será a última, se nada de efetivo for feito. Já tivemos episódios mais graves, com mortes, infelizmente.

A violência esportiva, no entanto, não é privilégio nosso. Outros eventos envolvendo torcedores insanos já ganharam os noticiários internacionais. Os hooligans ingleses ficaram famosos por atos violentos, o pior deles foi em 1985. A briga entre torcedores Liverpool e Juventus, que resultou em 38 mortos, baniu todos os times ingleses de competições europeias por cinco anos. Os episódios de violência envolvendo hooligans diminuíram, mas não acabaram.

Recentemente, em 2012, outro fato lamentável aconteceu no futebol egípcio. Após o final da partida entre Al-Masry contra Al-Ahly, o campo foi invadido por torcedores, 74 pessoas morreram e mais de duas centenas ficaram feridas. O campeonato de futebol do Egito ficou suspenso, em momento em que o país atravessava séria crise política.

Somos o país do futebol, lembram? Pentacampeões mundiais. A Copa do Mundo da FIFA será realizada no Brasil no ano que vem. Imaginem o que pensam as pessoas ao redor do mundo a nosso respeito neste momento. Somos um povo sério e trabalhador ou um bando de vândalos selvagens?

Os militares já disseram "não" para a Copa em 1983, sabiam?
Honestamente, não sei se estamos preparados para receber um evento tão grandioso. Somos um país emergente, melhoramos muito nossa situação econômica, mas nem tudo vai bem por aqui. Pessoas ainda morrem esperando por atendimento médico, crianças estão fora da escola e a violência está por toda parte (e não só nas favelas e periferias). A violência nos nossos estádios seria um reflexo da nossa realidade?

Neste momento, em que tudo parece estar errado, a música “Desordem”, gravada pelos Titãs em 1987 no álbum "Jesus não tem dentes no país dos banguelas", ficou tão atual....



“Os presos fogem do presídio, imagens na televisão. Mais uma briga de torcidas, Acaba tudo em confusão. A multidão enfurecida queimou os carros da polícia. Os presos fogem do controle, mas que loucura esta nação!”

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Humor no Brasil - engraçado ou chulo?

É fato que o humor brasileiro está sem graça. Não há nada de novo, repetições de velhas fórmulas desgastadas, piadas de gosto duvidoso, humilhação de outras pessoas. Não há nada de engraçado nisso, não é verdade?

Faz tempo que o humor brasileiro perdeu o rumo. Alguns programas persistem na TV aberta, como “Zorra Total”, “A Praça é nossa”, “Pânico” e “CQC”, mas perderam a graça faz tempo. Na TV paga, a situação é um pouco melhor, o acesso restrito aos assinantes traz algumas opções diferenciadas, mas nem sempre é garantia de qualidade.

Infelizmente as pessoas acham que o humor, para ser engraçado, tem que ser chulo, preconceituoso ou ofensivo. Outro dia, consegui ver apresentação do Paulinho Serra (ex-MTV e ex-Pânico) no canal pago Comedy Central, por mais ou menos cinco minutos, no máximo. Ele fazia piadas sobre como pessoas se comportam com mulheres grávidas, logo passou a falar sobre como seria se homens também gestassem bebês. Ao invés de um show de humor, aquilo se transformou em um festival de comparações grosseiras, infestado de palavras chulas, sem graça. Mudei de canal rapidamente.
Está difícil achar graça no humor brasileiro

Programas de humor deveriam ser engraçados, mas na televisão brasileira são apelativos e usam sempre os mesmos clichês – a mulher gostosa burra, o corno, o espertalhão, o homossexual – não se reinventa e fica chato. Para dar uma reciclada, começaram dar ênfase ao stand-up comedy, aquilo que caras como Ary Toledo já faziam há tempos, mas também erram na mão e exageram na falta de bom senso.

Sou da geração que ouviu o pessoal do Pânico surgir na Rádio Jovem Pan. O trio formado inicialmente por Emílio, Batista e Bola fazia um programa bem humorado e divertido em meados da década de 1990. Apareceram novos personagens, outros sumiram, o programa cresceu e foi parar na Rede TV. No início a migração do rádio para a televisão foi estranha, mas a persistência levou ao sucesso. Agora, na Band, o humorístico ficou chato. Piadas sem graça, situações que humilham os participantes do programa e a exploração da mulher-objeto de forma repetitiva levaram o programa a uma “crise criativa”. Será que não dá para melhorar?

A extinta MTV Brasil também teve seu auge do humor com Marcelo Adnet. Um programa leve, com piadas inocentes, imitações e improviso, chamado “15 Minutos”, era diversão na certa. Quando o humorista se tornou a estrela da emissora, o negócio desandou. “15 Minutos” deixou de existir e outros programas como “Comédia MTV” foram criados. A fórmula não deu muito certo. Com MTV em crise, Adnet foi contratado pela TV Globo. Um jovem humorista brilhante e promissor perdeu a graça, sufocado por fórmulas prontas e imposição de padrões. Foi parar na “geladeira”, sumiu. Uma pena.


Enfim, não deve ser fácil a missão de fazer rir sem ofender, chocar ou ser grosseiro. Chegamos à conclusão de que o humor no Brasil está de chorar.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Para ajudar ou ser ajudado....

Com as festas de final de ano se aproximando, é possível encontramos diversos grupos empenhados em fazer o Natal de nossos semelhantes um pouco melhor. Muita gente quer ajudar, no entanto, nem sempre se sabe como.
Para auxiliar àqueles que querem ajudar famílias e/ou comunidades carentes de Araraquara, reunimos alguns bons exemplos que podem ser seguidos. Ainda dá tempo! Escolha a iniciativa que mais chamou sua atenção e participe.

Somos Noéis – o grupo criado por Angelina e Marcelo Figueiredo em 2007, está em campanha desde outubro e conta com mais de 30 voluntários para a arrecadação e distribuição de brinquedos. A meta para o Natal deste ano é conseguir seis mil brinquedos novos, o dobro do que foi conquistado em 2012. Para isso, o grupo fechou parceria com os Doutores Panaceia, Clube Náutico e a Academia do Clube Náutico. Uma das participantes do grupo, a “Dra Mala_vilhosa”, tem visitado em vários horários a academia a sede de campo para fazer a divulgação da campanha. As ações do grupo vão além das festas de final de ano, e atuam em outras datas comemorativas, como Páscoa e Dia das Crianças. Maiores informações no site: www.somosnoeis.com.br

Papai Noel dos Correios - a campanha tradicional "Papai Noel dos Correios" acontece em Araraquara mais uma vez. As pessoas interessadas em adotar uma cartinha escrita por uma criança devem comparecer à Agência Central do Correios, localizada na Avenida Brasil, no 570, até o dia 13/12/2013. Essa também é a data final para a entrega dos presentes que foram pedidos pelas crianças. Maiores informações pelo telefone (16) 3322-2588 ou no site http://blog.correios.com.br/papainoeldoscorreios

Campanha Pró Natal – desde 1969 a SEICHO-NO-IE DO BRASIL promove a campanha em todo Brasil e também está presente em Araraquara. As doações arrecadadas serão distribuídas para entidades previamente cadastradas. Maiores informações podem ser conseguidas no telefone (16) 3339-4424 ou na sede local, que está situada na Avenida Jorge Haddad, n° 1150 – Jardim das Estações. Site: http://www.sni.org.br/materia-pro-natal.asp

União Espírita Paschoal Grossi – atende grupos carentes residentes no Jardim das Hortênsias. Serão arrecadados alimentos para montagem de cestas e entregues para as famílias, além de roupas, brinquedos, calçados e livros para crianças. O interessado poderá adotar uma ficha, que contém os dados da criança presenteada. As sacolas com os presentes devem ser entregues até o dia 05/12/2013. Maiores informações no telefone (16) 3335-7191 ou diretamente na Rua São Bento, n° 2395, Jardim Primavera.


Ainda existem muitos outros grupos trabalhando para que o Natal de nossos semelhantes seja mais fraterno... Busque informações e participe. Se cada um fizer a sua parte, teremos um mundo melhor e mais justo. Pense nisso.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O lado injusto do futebol (ou adeus, Tite)

No final desta semana foi anunciado que o contrato com o técnico Tite, do Sport Club Corinthians Paulista, não será renovado para a próxima temporada. Até aí nada de muito surpreendente, o fato era só uma questão de tempo, afinal o time faz uma campanha fraca no Campeonato Brasileiro, não conseguiu a classificação para a Copa Libertadores em 2014... Enfim, na falta de bons resultados no segundo semestre de 2013, precisava-se arrumar um culpado, correto?

De qualquer forma, entendo que tal decisão não é justa e nem coerente. Em 2013 o clube foi campeão Paulista e da Recopa Sul Americana. Se o momento é ruim para o Corinthians, imagina o Vasco da Gama?

Comparações e brincadeiras à parte, Tite foi o técnico mais vitorioso no comando do time paulista em sua história recente. Sua chegada foi tumultuada em 2011,quando Mano Menezes (sim, o mesmo que será seu substituto), deixou o comando do time para treinar a Seleção Brasileira de Futebol. Dias depois de assumir a equipe alvinegra, aconteceu a fatídica eliminação da Copa Libertadores pelo “Deportes Tolima”.

A demissão que acontecerá no final deste ano havia sido cogitada naquela época, a torcida pressionou, brigou, jogadores foram embora, mas Tite foi mantido e soube reconhecer a chance que estava recebendo. Melhor para o Corinthians, que em 2011, conquistou o pentacampeonato do Brasileirão e ainda naquele ano tornou-se a marca mais valiosa do futebol brasileiro.

Tite como garoto propaganda da Campanha Sangue Corinthiano


No ano seguinte, as coisas seriam muito melhores. Em 2012, Tite foi o comandante de dois títulos inesquecíveis para todos os corinthianos, a inédita Copa Libertadores da América e o bicampeonato do Mundial de Clubes da FIFA. Além disso, foi o primeiro clube brasileiro a superar em um bilhão de reais o valor de sua marca. A revista Forbes publicou no começo de 2013 uma relação com os 20 times mais valiosos do mundo e pela primeira vez um brasileiro figurou nessa lista – o Sport Club Corinthians Paulista ocupou a 16ª colocação. Será que o técnico não ajudou para que isso tudo acontecesse?

Sinceramente, depois de tantas conquistas – dentro e fora do campo – não é razoável dizer que a descontinuidade do contrato de Tite com o Corinthians é injusta? Concordo que futebol é movido por resultados, que todo dinheiro que o clube ganha depende de vitórias, patrocínios, ações de marketing, etc, mas desprezar um passado recente de tantas conquistas, não parece cruel? E as contratações que não ajudaram o time a deslanchar, não teriam sua parcela de responsabilidade?

Embora a diretoria do clube não ache interessante a renovação do contrato, a torcida corinthiana está triste por perder seu comandante mais vitorioso. O futebol brasileiro fica injusto quando se olha apenas o presente.


Não posso dizer em nome dos 30 milhões de loucos, mas acredito que a trajetória de Tite no Corinthians jamais será esquecida. Aceite nossa gratidão e solidariedade. O futebol brasileiro precisa de “caras” como você.  Boa sorte!

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O passado das redes sociais

Hoje em dia todo mundo participa de uma rede social - Facebook, Twitter, Instagram, Linkedin,etc - podendo ser apenas para diversão, encontrar velhos amigos ou parentes distantes, compartilhar fotos ou mesmo mostrar habilidades profissionais... Enfim, estamos o tempo todo conectando nossos interesses aos de outras pessoas e mostrando quem somos.

Mas já pensou como era a vida há 20 anos, sem toda essa tecnologia e conectividade? Pois saibam, que mesmo sem ter ideia já compartilhávamos nossas emoções, conquistas, fotos, letras de músicas e outras coisas fofas com nosso círculo de amigos. E ninguém precisava de alta tecnologia, bastava ter uma agenda! Falando assim, considero que essa febre adolescente dos anos de 1990 pode ter sido a antecessora do que conhecemos hoje como redes sociais.

Página de agenda - reprodução internet
O negócio funcionava de maneira muito simples, comprava-se uma agenda em qualquer papelaria e nela compartilhava-se a vida com as amigas. Ali dentro, poucos compromissos agendados, mas muitos feitos realizados. As lembranças dos melhores momentos poderiam ser desde o guardanapo da lanchonete, o ingresso do show, o anel da lata de refrigerante, recortes de revista e, claro, muitas fotos e depoimentos das amigas. Tudo devidamente preso a clipes de plásticos coloridos e nada discretos.

Assim como nas redes sociais de hoje, selecionávamos os amigos que poderiam ter acesso àquele precioso tesouro. Imagina um segredo nas mãos inimigas? Agendas iam para todos os lugares – escola, casa das amigas, clubes, praças, etc – era fácil carregar de lado para o outro, bastava levar. Reunir a turma na casa de alguma amiga, colocar a conversa e a agenda em dia, era compromisso certo. Muitas revistas tinham até a indicação “para colar na agenda” em algumas reportagens, acreditam? Era quase uma indicação para “curtir” a publicação e dividir o material com as amigas. Percebe alguma semelhança ou acha mera coincidência?

O sucesso de uma boa agenda era medido pelo tamanho que ela alcançava durante o decorrer daquele ano. Quanto maior, melhor. Ali tinha espaço para tudo que era importante e inesquecível. E quando um ano se acabava, uma nova agenda precisava ser providenciada, um ciclo que parecia infinito....

Com a popularização dos computadores e internet no início dos anos 2000, a prática foi deixada de lado. A agenda de papel foi substituída pelos blogs, fotologs, até que em 2004 Orkut e Facebook surgiram nos Estados Unidos. Logo chegariam ao Brasil e uma nova forma de se compartilhar a vida com os outros apareceria a partir daí. As agendas adolescentes foram abandonadas, mas deixaram seu legado. Se hoje você compartilha fotos, notícias e coisas fofas com um clique, no passado eram as agendas lotadas de papeis e clipes coloridos que cumpriam essa função.

(*) Apenas para constar, agendas de papel ainda existem em papelarias, mas servem para apontamento de compromissos. Compartilhar a vida com amigos virou coisa de rede social

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Café de graça não existe

Pode ser que você já tenha ouvido uma frase parecida com o título deste texto, substituindo café por almoço ou qualquer outra palavra que remeta a ideia de um benefício gratuito, não é mesmo? Mas será que você consegue entender o que realmente representa? Vamos conversar um pouco sobre o assunto?

Infelizmente, depois de um tempo percebemos que nada é de graça na vida. Nada! Desde aquelas promoções do supermercado do tipo leve dois e pague um, compre a armação dos óculos e leve grátis as lentes, os descontos dos medicamentos em programas de laboratórios, cupons que preenchemos (sem precisar comprar nada em lojas) para concorrer a prêmios, pesquisar na internet, enfim, tudo tem um preço.

Recentemente, durante uma consulta, um médico prescreveu um tratamento, mas avisou que o medicamento era “meio caro”. Passou o telefone do laboratório para que eu me cadastrasse e comprasse tal remédio com desconto. Liguei, fiz o cadastro (além de informar meus dados, tinha que passar o CRM do profissional) e descobri que durante os seis primeiros meses poderia comprar o produto com 19% de desconto, a partir daí seriam 24% de desconto.

O que parece um “grande” negócio a primeira vista é um engodo. Pesquisando nas farmácias da cidade, consegui imediatamente 25% de desconto, sem que precisasse participar de qualquer tipo de programa de fidelidade do laboratório. Pensando bem, ao informar o número do cadastro profissional do médico atrelado ao seu cadastro, será que ele não está ganhando alguma coisa em troca? Agora quem faz parte de um programa de “benefícios”, você ou o profissional da saúde? Quem saiu ganhando?

Você entra em uma loja e preenche ao cupom para concorrer a um prêmio (e nem precisou comprar nada), deixou ali seu nome, telefone, endereço e não levou nada. Subitamente começa a receber ligações e correspondências oferecendo coisas que você nem quer e se pergunta onde conseguiram seus dados. Simples, lembra-se da tal loja, aquela do cupom? Suas informações saíram dali e passaram a ser parte de uma relação chamada “mailing list”, que muitas vezes são negociadas entre comerciantes, bancos, associações comerciais, etc.

Hoje em dia, poucas pessoas pagam para ter uma conta de e-mail. Para que pagar, se posso ter de graça? Em tempos de dinheiro curto, não faz sentido desembolsar quando se pode economizar, ok? Eu uso serviços de e-mail gratuito e diariamente minha caixa postal é invadida por mensagens de propaganda, sem que eu tivesse feito qualquer cadastro para receber tanta oferta. Se os Estados Unidos conseguiram interceptar as comunicações da nossa presidente, imagina o que é feito diariamente conosco, pobres mortais?

E ainda tem aquele pessoal que pede o “passe livre” no transporte brasileiro. Se ele existisse mesmo, seria realmente de graça? Alguém teria que pagar a conta. Você tem dúvida sobre quem seria?


Depois de tantos exemplos, você ainda acredita em café grátis?

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Eu já dei o sangue pelo meu time, e você?

Ser torcedor de um time de futebol é uma coisa que transcende a lógica. Você não se torna simpático por um clube do dia para a noite, nasce assim.

Posso dizer que sou corinthiana desde o nascimento. Nasci na capital paulista, em 11 de outubro de 1977, dois dias antes do famoso título contra a Ponte Preta.  Meu registro de nascimento foi feito no cartório em 13 de outubro – o grande dia. Minha mãe saiu da maternidade no dia seguinte, quando a grande nação alvinegra comemorava nas ruas de São Paulo um campeonato que demorou mais de 20 anos para chegar. Recém-nascida, já fiz parte daquilo tudo, mesmo involuntariamente.

E quem vai contestar que eu nasci corinthiana, mesmo tendo o pai torcedor do São Paulo e família materna predominantemente Palmeirense?

Dizem que um ser humano durante a vida pode trocar de partido político, religião, cônjuge, mas mudar de time, jamais! Fazer parte de uma torcida é quase como um casamento. É uma relação em que você confirma sua vontade de ficar junto por toda a vida, na alegria ou tristeza, saúde ou doença, riqueza ou pobreza.... Existe maior prova de amor, permanecendo juntos, mesmo quando a fase é ruim?

A torcida do Sport Club Corinthians Paulista é a segunda maior do Brasil, com mais de 30 milhões de fanáticos. Alguns países pelo mundo, não tem esse número de habitantes. Por isso, somos chamados de nação. E sem contar loucuras pelas quais somos conhecidos, as invasões de estádios, cidades e países? Não merecemos o título de “Bando de Loucos”?

Infelizmente, uma (pequena) parte dessa torcida só funciona na teoria. São corinthianos que vestem a camisa para ir ao supermercado ou Shopping Center aos domingos com a família, mas que na hora que são chamados a provar sua paixão, somem....  

Mas temos sorte de encontrar muita gente boa, que se mobiliza e faz as coisas acontecerem, dentro e fora dos estádios. A campanha “Sangue Corinthiano” é prova disso. Criada em São Paulo, no ano de 2008, pelo torcedor Milton Oliveira, quando o time não atravessava uma boa fase, já conseguiu reunir mais de 20 mil doadores no Brasil e exterior, chegando agora em sua 12ª edição.
Doando meu sangue pela campanha "Sangue Corinthiano"

Inspirada por essa ótima ideia, tenho a oportunidade de realizar a campanha em Araraquara pela primeira vez. As doações acontecem até sábado, dia 05 de outubro, no Hemonúcleo Regional de Araraquara. Posso dizer que eu já dei o sangue pelo meu time e estou muito orgulhosa disso tudo. E você, vai perder a oportunidade de ajudar ao próximo e escancarar sua paixão pelo Corinthians?  

Mostre sua paixão e solidariedade

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Extremamente linda e carismática

Lembro quando as ofertas de emprego eram feitas exclusivamente pelos classificados dos jornais impressos. Hoje com tanta tecnologia, a internet dá sua contribuição para quem procura uma oportunidade no mercado de trabalho – são sites de agências, publicação de vagas, redes sociais, entre tantos outros recursos.

Infelizmente tanta diversidade não é garantia de qualidade e coerência. Algumas vezes, beiram o bizarro. Navegando pela internet, encontrei um anúncio de emprego procurando por uma repórter para acompanhar a seleção brasileira de futebol durante a Copa de Futebol em 2014. Até aí tudo bem. O mais surpreendente foi um dos pré-requisitos: “A jornalista/repórter precisa ser extremamente linda e carismática”.


Seleção para Jornalista - Reprodução da internet

Quando ingressamos na faculdade ninguém nos diz que beleza é item necessário para qualquer carreira, correto? Imagine, se a candidata passa no vestibular para Jornalismo e não pode se matricular porque não é extremamente linda? Concordo que uma boa aparência deve ser levada em conta para trabalhar como repórter de televisão, mas não é imprescindível. Afinal, beleza não é um conceito unânime e nem objetivo, apesar de o poeta considerar fundamental....

Talvez a única coerência do texto seja pedir uma candidata formada em Jornalismo para cumprir a atividade de repórter. Frequentar quatro anos de faculdade, aprender o que é lead, semiótica, teoria da comunicação, ética, fazer trabalho de conclusão e conquistar o tão sonhado diploma para trabalhar regularmente não faz sentido, pelo menos para o Supremo Tribunal Federal desde 2009.


Apesar de o anúncio discriminar as pessoas com padrões de beleza dentro normal, segundo o site, a vaga publicada em 04 de julho, já foi preenchida.