quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Humor no Brasil - engraçado ou chulo?

É fato que o humor brasileiro está sem graça. Não há nada de novo, repetições de velhas fórmulas desgastadas, piadas de gosto duvidoso, humilhação de outras pessoas. Não há nada de engraçado nisso, não é verdade?

Faz tempo que o humor brasileiro perdeu o rumo. Alguns programas persistem na TV aberta, como “Zorra Total”, “A Praça é nossa”, “Pânico” e “CQC”, mas perderam a graça faz tempo. Na TV paga, a situação é um pouco melhor, o acesso restrito aos assinantes traz algumas opções diferenciadas, mas nem sempre é garantia de qualidade.

Infelizmente as pessoas acham que o humor, para ser engraçado, tem que ser chulo, preconceituoso ou ofensivo. Outro dia, consegui ver apresentação do Paulinho Serra (ex-MTV e ex-Pânico) no canal pago Comedy Central, por mais ou menos cinco minutos, no máximo. Ele fazia piadas sobre como pessoas se comportam com mulheres grávidas, logo passou a falar sobre como seria se homens também gestassem bebês. Ao invés de um show de humor, aquilo se transformou em um festival de comparações grosseiras, infestado de palavras chulas, sem graça. Mudei de canal rapidamente.
Está difícil achar graça no humor brasileiro

Programas de humor deveriam ser engraçados, mas na televisão brasileira são apelativos e usam sempre os mesmos clichês – a mulher gostosa burra, o corno, o espertalhão, o homossexual – não se reinventa e fica chato. Para dar uma reciclada, começaram dar ênfase ao stand-up comedy, aquilo que caras como Ary Toledo já faziam há tempos, mas também erram na mão e exageram na falta de bom senso.

Sou da geração que ouviu o pessoal do Pânico surgir na Rádio Jovem Pan. O trio formado inicialmente por Emílio, Batista e Bola fazia um programa bem humorado e divertido em meados da década de 1990. Apareceram novos personagens, outros sumiram, o programa cresceu e foi parar na Rede TV. No início a migração do rádio para a televisão foi estranha, mas a persistência levou ao sucesso. Agora, na Band, o humorístico ficou chato. Piadas sem graça, situações que humilham os participantes do programa e a exploração da mulher-objeto de forma repetitiva levaram o programa a uma “crise criativa”. Será que não dá para melhorar?

A extinta MTV Brasil também teve seu auge do humor com Marcelo Adnet. Um programa leve, com piadas inocentes, imitações e improviso, chamado “15 Minutos”, era diversão na certa. Quando o humorista se tornou a estrela da emissora, o negócio desandou. “15 Minutos” deixou de existir e outros programas como “Comédia MTV” foram criados. A fórmula não deu muito certo. Com MTV em crise, Adnet foi contratado pela TV Globo. Um jovem humorista brilhante e promissor perdeu a graça, sufocado por fórmulas prontas e imposição de padrões. Foi parar na “geladeira”, sumiu. Uma pena.


Enfim, não deve ser fácil a missão de fazer rir sem ofender, chocar ou ser grosseiro. Chegamos à conclusão de que o humor no Brasil está de chorar.

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