É fato que o humor brasileiro está sem graça. Não há nada de
novo, repetições de velhas fórmulas desgastadas, piadas de gosto duvidoso,
humilhação de outras pessoas. Não há nada de engraçado nisso, não é verdade?
Faz tempo que o humor brasileiro perdeu o rumo. Alguns
programas persistem na TV aberta, como “Zorra Total”, “A Praça é nossa”, “Pânico”
e “CQC”, mas perderam a graça faz tempo. Na TV paga, a situação é um pouco
melhor, o acesso restrito aos assinantes traz algumas opções diferenciadas, mas
nem sempre é garantia de qualidade.
Infelizmente as pessoas acham que o humor, para ser
engraçado, tem que ser chulo, preconceituoso ou ofensivo. Outro dia, consegui
ver apresentação do Paulinho Serra (ex-MTV e ex-Pânico) no canal pago Comedy
Central, por mais ou menos cinco minutos, no máximo. Ele fazia piadas sobre como
pessoas se comportam com mulheres grávidas, logo passou a falar sobre como
seria se homens também gestassem bebês. Ao invés de um show de humor, aquilo se
transformou em um festival de comparações grosseiras, infestado de palavras
chulas, sem graça. Mudei de canal rapidamente.
Está difícil achar graça no humor brasileiro |
Programas de humor deveriam ser engraçados, mas na televisão
brasileira são apelativos e usam sempre os mesmos clichês – a mulher gostosa
burra, o corno, o espertalhão, o homossexual – não se reinventa e fica chato.
Para dar uma reciclada, começaram dar ênfase ao stand-up comedy, aquilo que
caras como Ary Toledo já faziam há tempos, mas também erram na mão e exageram
na falta de bom senso.
Sou da geração que ouviu o pessoal do Pânico surgir na Rádio
Jovem Pan. O trio formado inicialmente por Emílio, Batista e Bola fazia um
programa bem humorado e divertido em meados da década de 1990. Apareceram novos
personagens, outros sumiram, o programa cresceu e foi parar na Rede TV. No
início a migração do rádio para a televisão foi estranha, mas a persistência
levou ao sucesso. Agora, na Band, o humorístico ficou chato. Piadas sem graça,
situações que humilham os participantes do programa e a exploração da mulher-objeto
de forma repetitiva levaram o programa a uma “crise criativa”. Será que não dá
para melhorar?
A extinta MTV Brasil também teve seu auge do humor com
Marcelo Adnet. Um programa leve, com piadas inocentes, imitações e improviso,
chamado “15 Minutos”, era diversão na certa. Quando o humorista se tornou a
estrela da emissora, o negócio desandou. “15 Minutos” deixou de existir e
outros programas como “Comédia MTV” foram criados. A fórmula não deu muito
certo. Com MTV em crise, Adnet foi contratado pela TV Globo. Um jovem humorista
brilhante e promissor perdeu a graça, sufocado por fórmulas prontas e imposição
de padrões. Foi parar na “geladeira”, sumiu. Uma pena.
Enfim, não deve ser fácil a missão de fazer rir sem ofender,
chocar ou ser grosseiro. Chegamos à conclusão de que o humor no Brasil está de
chorar.
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