terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bullying: eu sobrevivi

Faz alguns anos, escrevi uma matéria sobre “bullying” para o Jornal Info Cidades, onde trabalhei por poucos meses no ano de 2005 nos tempos em que cursava a faculdade de Jornalismo. Dias atrás encontrei o texto no site (ainda disponível em http://www.infocidades.com.br/index.php?id=445) e fazendo uma leitura do escrito há seis anos, percebi como o tema continua mais atual do que nunca e pouca coisa mudou desde enttão.
Quando entrevistei Cleo Fante, que na época estava publicando a segunda edição do livro “Fenômemo Bullying”, não conseguia relacionar o conceito com aquilo que eu havia vivido na minha adolescência, simplesmente quis passar a informação aos leitores, explicando as causas e consequências daquela violência. Mas hoje, posso dizer que também fui vítima do bullying e sobrevivi a ele.
Quando temos notícias envolvendo bullying, geralmente são episódios trágicos, aonde a vítima chega ao extremo de cometer e/ou tentar assassinatos e suicídio, mas a maioria não acaba assim, felizmente.
Outro dia, assisti na TV uma matéria falando a respeito do perfil dos agredidos e me enquadrei em alguns deles, afinal, eu era uma das melhores alunas da sala, extremamente magra, baixinha, usando óculos e depois aparelho ortodôntico... se em 2011 as pessoas ainda tiram sarro e zoam com gente assim, imaginem há 20 anos?
Hoje, pensando friamente no que fui vítima, não tenho raiva dos agressores e das “brincadeiras” sem graça as quais era submetida, tenho pena. Grande parte deles são pais e mães, têm filhos que já frequentam ou irão em breve para a escola. Será que se um dia seus filhos chegarem reclamando do tratamento recebido pelos colegas, se lembrarão daquilo que faziam comigo e com outros? Provavelmente, não.
Infelizmente a escola onde estudei não tomava providências em relação ao bullying – que nem tinha este nome ainda – apesar de eu ter ido poucas vezes conversar com a diretora e contar o que eu passava. Como a sala de aula tinha muitos alunos, os professores nem tomavam conhecimento do que acontecia ali dentro, acredito que hoje ainda deva ser assim....
Só me livrei desse inferno quando resolvi ser forte e enfrentar aquilo que me atormentava. A partir do momento em que saí da posição de coitadinha indefesa, as pessoas passaram a me respeitar mais e mudei as regras do jogo. Não me orgulho do que vou contar (e nem recomendo), mas uma vez, fora da escola, cuspi na cara de um moleque que tirou sarro de mim por causa dos meus joelhos tortos. Depois disso, nunca mais o infeliz mexeu comigo, foi a minha “redenção”.
Graças a Deus, tudo isso não me fez que me tornasse um adulto problemático, muito pelo contrário. Consegui concluir duas graduações, trabalho, tenho minha vida pessoal resolvida e me considero normal, nunca tive vontade de matar aqueles que no passado me deram tantos problemas, mas agradeço por terem de dado a chance de ser forte. Obrigada.

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