Acabou-se a Copa do Mundo da FIFA
realizada no Brasil. Nossa seleção canarinho decepcionou a grande nação
brasileira e os alemães sagraram-se campeões. Enfim, a vida continua.
Um dia após a grande partida
final, os primeiros resultados a respeito do evento foram divulgados e, surpreendentemente,
são melhores que o esperado. O presidente da FIFA, Joseph Blatter, deu nota
9,25 para a Copa no Brasil (sendo a média cinco teríamos passado com bastante
folga!). Se Blatter não fosse um mestre tão exigente, poderíamos ter tirado
nota máxima. Mas como todo bom aluno
sabe, o importante é estar dentro da média, não precisa ser perfeito sempre.
O Governo Federal também divulgou
seu balanço sobre a Copa hoje e os bons resultados impressionam – os turistas
estrangeiros vieram ao Brasil, os estádios ficaram prontos a tempo, os
aeroportos e hotéis atenderam bem aos visitantes, não tivemos grandes confusões
durante o evento e, ao contrário do que diziam os mais pessimistas, o mundo não
acabou.
Tantos resultados contrariando a
lógica me trazem a lembrança da personagem “Geni”, criada em 1978 por Chico
Buarque para a “Ópera do Malandro”. Para mim, a realização da Copa do Mundo no Brasil
foi uma espécie de releitura contemporânea da prostituta heroína. Vejamos.
Voltamos no tempo em um ano.
Protestos em 2013. Copa questionada |
Junho de 2013 - Pessoas na rua
protestando, criticando a realização da Copa em um país onde falta quase tudo.
A população gritava por melhorias em educação, saúde, trabalho, segurança, transporte,
política, enquanto se gastava bilhões de reais na construção de estádios – “não
vai ter Copa”, afirmavam. Naquele momento, a Copa transformava-se em Geni - hostilizada
pela comunidade, xingada, desprezada....
"Joga pedra na Geni , ela é
feita pra apanhar" – diz a letra da canção. Encontraram alguma semelhança
com a batalha contra a Copa?
Voltando à realidade de 2014.
Tivemos Copa e tudo transcorreu dentro do previsto pela organização. Não
tivemos aquele caos que previram. Quem não se lembra da famosa frase “Imagina
na Copa”, para anunciar o apocalipse durante o mundial?
Os protestos foram rareando e
quase desapareceram. Grande parcela da população que apoiava as manifestações
do ano anterior mudou de ideia quando o negócio descambou para a violência e
vandalismo. Tivemos Copa e, assim como na “Ópera do Malandro”, quando Geni
salva a cidade da ira do comandante do Zepelim, tivemos gente mudando
rapidamente o discurso.
E a Copa foi assim, como a Geni.
A gente falou mal, cuspiu, bateu, mas teve que mudar de ideia, quando percebeu
que nossa salvação estava nas mãos de uma prostituta. Hoje deixamos nossos
sinceros agradecimentos para a Copa e, claro, para Geni. “Bendita, Geni!”.
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