segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Copa e a Geni

Acabou-se a Copa do Mundo da FIFA realizada no Brasil. Nossa seleção canarinho decepcionou a grande nação brasileira e os alemães sagraram-se campeões. Enfim, a vida continua.

Um dia após a grande partida final, os primeiros resultados a respeito do evento foram divulgados e, surpreendentemente, são melhores que o esperado. O presidente da FIFA, Joseph Blatter, deu nota 9,25 para a Copa no Brasil (sendo a média cinco teríamos passado com bastante folga!). Se Blatter não fosse um mestre tão exigente, poderíamos ter tirado nota máxima.  Mas como todo bom aluno sabe, o importante é estar dentro da média, não precisa ser perfeito sempre.

O Governo Federal também divulgou seu balanço sobre a Copa hoje e os bons resultados impressionam – os turistas estrangeiros vieram ao Brasil, os estádios ficaram prontos a tempo, os aeroportos e hotéis atenderam bem aos visitantes, não tivemos grandes confusões durante o evento e, ao contrário do que diziam os mais pessimistas, o mundo não acabou.

Tantos resultados contrariando a lógica me trazem a lembrança da personagem “Geni”, criada em 1978 por Chico Buarque para a “Ópera do Malandro”. Para mim, a realização da Copa do Mundo no Brasil foi uma espécie de releitura contemporânea da prostituta heroína. Vejamos.

Voltamos no tempo em um ano.
Protestos em 2013. Copa questionada
Junho de 2013 - Pessoas na rua protestando, criticando a realização da Copa em um país onde falta quase tudo. A população gritava por melhorias em educação, saúde, trabalho, segurança, transporte, política, enquanto se gastava bilhões de reais na construção de estádios – “não vai ter Copa”, afirmavam. Naquele momento, a Copa transformava-se em Geni - hostilizada pela comunidade, xingada, desprezada....

"Joga pedra na Geni , ela é feita pra apanhar" – diz a letra da canção. Encontraram alguma semelhança com a batalha contra a Copa?

Voltando à realidade de 2014. Tivemos Copa e tudo transcorreu dentro do previsto pela organização. Não tivemos aquele caos que previram. Quem não se lembra da famosa frase “Imagina na Copa”, para anunciar o apocalipse durante o mundial?

Os protestos foram rareando e quase desapareceram. Grande parcela da população que apoiava as manifestações do ano anterior mudou de ideia quando o negócio descambou para a violência e vandalismo. Tivemos Copa e, assim como na “Ópera do Malandro”, quando Geni salva a cidade da ira do comandante do Zepelim, tivemos gente mudando rapidamente o discurso.


E a Copa foi assim, como a Geni. A gente falou mal, cuspiu, bateu, mas teve que mudar de ideia, quando percebeu que nossa salvação estava nas mãos de uma prostituta. Hoje deixamos nossos sinceros agradecimentos para a Copa e, claro, para Geni.  “Bendita, Geni!”.

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