terça-feira, 30 de agosto de 2011

Problemas crônicos da saúde

Na edição de hoje do “Jornal da EPTV”, a notícia de que um homem está em Araraquara esperando há seis meses para fazer uma ressonância no joelho (veja vídeo), não me deixou surpresa, mas revoltada. Qualquer pessoa que conviva diariamente com outros seres humanos já ouviu que fulano ou sicrano está esperando por um exame para diagnóstico faz algum tempo ou mesmo na fila por um simples atendimento médico. E não pense que essas situações acontecem apenas no sistema público de saúde, afinal, quem tem um convênio médico particular, também sofre.
Para quem ainda não sabe, a Constituição Federal Brasileira, de 1998, em seu artigo 196 diz que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”

Se a Constituição Brasileira diz que a saúde é direito de todos, por que o araraquarense mencionado na reportagem continua sem atendimento, já que isso é dever do Estado? Infelizmente, muitos ainda desconhecem a legislação e, pior, não sabem como podem ser socorridos por meio dela. Se ele tivesse procurado a Justiça, provavelmente já estaria com o diagnóstico em mãos e em tratamento, mas como o povo brasileiro é “pacífico”, ele se resignou e continua esperando....
Em muitas situações o procedimento é simples, basta procurar um advogado que entrará com um mandado de segurança pedindo aquele exame, internação ou mesmo medicamento de alto custo que tenha sido negado pelo Estado. E quem não tem dinheiro para contratar um profissional, basta procurar a Defensoria Pública de sua cidade, que indicará um advogado conveniado para o atendimento de forma gratuita. O procedimento (quando comparado ao andamento de processos normais) é rápido, afinal, o que está em jogo é a saúde de uma pessoa, considerado um bem único e indispensável.

O que eu não entendo é a razão que os órgãos de imprensa evitam falar sobre essa solução jurídica para ter resguardado o direto à saúde. Na matéria da EPTV, em nenhum momento foi dito que o paciente teria essa alternativa. Ao contrário, apenas apareceu um entrevistado dizendo que mutirões de exames seriam feitos e que o problema do cidadão seria resolvido em dois meses. Seria receio de sobrecarregar o judiciário com pedidos relacionados à saúde esse correr o risco de percebermos que o acesso à saúde não é tão simples como deveria ser?
Lembro de uma ocasião em que o plano de saúde da empresa em que eu trabalhava, não cobriu um pedido de ressonância magnética feito pelo meu neurologista depois de diversas e repetidas crises de dor de cabeça insuportáveis que eu tive. Na época (se não me engano 2002), o convênio não dispunha de aparelho para ressonância na cidade, então se eu quisesse fazer o exame, teria que pagar o exame e fazer o procedimento em Ribeirão Preto ou Bauru. Como a situação era séria, conversei com o pessoal da empresa e qual não foi minha surpresa ao descobrir que o outro convênio da cidade (do qual eu não fazia parte) já tinha o aparelho e eu poderia fazer o exame aqui mesmo, pagando R$ 700,00, que acabaram sendo custeados pelo meu ex-chefe.

Infelizmente, nem todos têm a sorte de encontrar pessoas dispostas a assumirem ou dividirem a conta de um tratamento médico. Para esses, recomendo que busquem seus direitos acionando a Justiça. No portal do Ministério da Saúde você pode encontrar a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) – a última edição é de 2010 – e mostra uma lista de remédios para “doenças mais comuns” que podem ser obtidos gratuitamente. Se o seu tratamento não estiver nessa lista, por ser considerado “excepcional”, e ele deve ser solicitado ao sistema de saúde de sua cidade, e, se negado, obtido por via judicial. Os medicamentos excepcionais são indicados para tratar doenças crônicas e/ou tem uso contínuo e cujo valor do remédio ou do tratamento completo é muito caro. É o caso de pacientes com câncer, por exemplo.
Ajude a divulgar como é feita a obtenção de remédios e tratamentos gratuitos, sempre tem alguém precisando. Amanhã pode ser você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário